sábado, 6 de dezembro de 2008

Ninguém me habita


Ninguém me habita. A não ser
o milagre da matéria
que me faz capaz de amor,
e o mistério da memória
que urde o tempo em meus neurônios,
para que eu, vivendo agora,
possa me rever no outrora.
Ninguém me habita. Sozinho
resvalo pelos declives
onde me esperam, me chamam
(meu ser me diz se as atendo)
feiúras que me fascinam,
belezas que me endoidecem.
Thiago de Mello

De repente, flor da pele. Uma paisagem distante, cinzenta, vazia, molhada. O corredor fundo me aprofunda dentro do mistério que me atrai pra dentro do que não está contido. Imagens fluidas, poesia, fotografia, uma tristeza que faz brotar a chuva para que o tempo pare. O barco parte e faz partir certezas e sonhos...
De novo Lenine. A vida com você é tão rara... Sua voz recompõe o meu espírito, apaga a noite, faz a luz entrar. As batidas das cordas do violão fazem pulsar a vida que há em mim. O mundo vai girando um pouco mais veloz. Me concentro em mim, me busco, pra buscar um pouco mais de alma e não deixar a vida parar. Será que temos esse tempo pra perder? A vida não pára...